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quinta-feira, 30 de abril de 2015

dentro do mood


Por fazerem meses de casamento e por ser "sexta-feira".
Porque sei que é do mais irrelevante que há mas que os pormenores contam. 

Sempre que oiço uma música que me faz saltar da cadeira e começar a dançar em cima das mesas (sentido figurado no escritório, só possível dentro das quatro paredes de casa com ele ou dos quatro vidros do carro) penso logo se dava para ser a de entrada na tenda do casamento.

Isto foi até casar. Entrei com o Afrojack e os seus Ten Feet Tall porque a letra se aplicava a nós na per-fei-ção. Mantinha tudo mas hoje substituía a valsa* por Avicii e o seu The Night

Que delícia! Agarrava no oldie preferido, dedicava-lhe a letra desta música e fazíamos ali uma dança os dois à maneira. Depois juntavam-se noivo, mãe e sogros e evitávamos o pisa-pé, que esse, como a valsa, é dos clássicos.

Oiçam e digam lá o que acham - os violinos a partir dos 2'30 são de ir às lágrimas de bom.

* Sei de várias pessoas que iam ter um chilique mas isso também teria o seu quê de graça!

hoje é sexta-feira!

porque hoje é dia 30

decidi começar isto dos dias, falta pouco para agosto e este primeiro ano é para escrever sobre o 30 mais do que vou escrever nos outros anos, em que vão haver fraldas, bolsados e festas de domingo com gelatina derretida. passaram 8 meses e daqui a dois o vasco chega. vamos por partes que há muito para escrever!

lembro-me de acordar no dia, dormir descansada como há muito tempo não acontece. o casamento ia ser lá em casa e aproveitei-me disso à séria. enfiei uns calções e um top que me pareceu de noiva e subi até ao jardim. encontrei a tenda, os senhores do catering, os da cerveja, as mesas postas, o DJ e comecei a entrar no espírito. eram dez e só tinha que me apresentar ao serviço às quatro* e por isso andei a passear-me e a garantir que as patinhas ficavam bem pretas - ainda havia todo um banho pelo meio. chegou a teresa-gémea e aí é que a festa começou. a milena também vinha e a roupa dela, que eu tinha ficado de fazer, estava por acabar. faltavam os elásticos nas pernas e eu ainda queria apanhar uma corzinha, sob risco de casares com uma lagosta mas naquele dia valia tudo. comecei a costurar os elásticos sentada no jardim e claro que não lhe medi as pernas. com tanta bolacha maria o dito fofo acabou por ficar mais apertado que nunca e a pobre miúda a viver toda uma falta de circulação aos poucos meses de vida. dizem que noiva que é noiva perde o apetite no dia mas o meu estava aos gritos. fiz pequeno almoço a sério, com tudo a que tinha direito. amigo vestido, nem penses em não caber dentro de mim. chegaram fotógrafa e os dois do vídeo e pus-me a mostrar-lhes a casa. era meio dia e achava que ainda tinha todo o tempo do mundo. tinha pelo menos para lhe mandar uma mensagem a dizer que 'é hoje meu amor e é para sempre'. ele estava no sítio onde eu chegaria quatro horas depois, ainda de jeans e t-shirt. ia agradecer aquilo que se passaria ali, umas horas mais tarde.


o resumo fica aqui, em vídeo. o dia em que o recebemos foi tão bom que nunca mais me cansei de o ver: estávamos em lua-de-mel e acabávamos de aterrar no Peru, vindos de uma viagem de 20 horas de autobus. vínhamos de mochila às costas com ar bem nojentinho-a-precisar-de-um-banho. recebi mensagem a dizer que o vídeo tinha sido enviado para o email. corri para a receção do hostel a pedir para usar o computador e a internet deles. deixaram, benditos Perus. e de repente estávamos os dois do outro lado do mundo a reviver todo o 30. e os senhores do hostel a perguntar, enquanto trocavam olhares entre si, se era uma telenovela. não amigos, somos nós! quando estamos de banho tomado conseguimos chegar a isto :)
to be continued

* acho que foi às quatro da tarde mas teria que ir ver o convite de casamento para confirmar. dizem que memória de grávida reduz 15% e depois volta: pede-se o desconto.

quarta-feira, 29 de abril de 2015

SMS

Recebida dela, hoje:
"Teremos salmãozinho grelhado para o jantar 
antecedido de uma sopinha de ervilhas de calibre 
médio. Espero que seja do teu agrado."

À exceção dos inhos todos, que me encanitam a espinha, é tudo mais que do meu agrado.
Programa contigo sabe sempre a caviar.
E eu nem gosto de caviar.

diário de bordo

era tipo tremor de terra. mas daqueles que não é na terra, é dentro de ti. acordas com aquilo, vais trabalhar com aquilo e já paravas. o miúdo não se mexe e pensas que talvez seja importante dares uma ligadela ao médico. resistes a pedir-lhe para ligar ele porque tens que ser mulherzinha. ligas e tentas não parecer fiteira. quase que te escapa um ‘liguei só para saber de si’, tal é o que evitas dizer que alguma coisa está mal. às tantas sai-te a razão para teres ligado e ele diz para ires às urgências fazer análises. trabalhas ao pé do hospital público e pensas porque não?, é grátis e vou lá num instante quando sair. num instante, certo. chegas e levas com pulseira PSD. não sabes o que quer dizer mas acreditas que é melhor que verde. sentas-te, a fila é pequena. começam a entrar as miúdas de 14, 15 e 16 anos e alguma coisa te diz que não deviam estar ali. duas horas depois continuas no mesmo sítio, só com o dobro da falta de paciência. agarras-te à dele. rogas pragas à poupança e pensas que tens seguro para isso, para ir até uma CUF e estar despachada faz tempo. às tantas pensas seriamente em enveredar pela via da feira da ladra e tentar entrar à força. não vai dar. três horas depois lá te chamam e dizem que está tudo ótimo. tem mais meio quilo de gente do que o percentil normal mas isso já sabias. voltas a tentar um ‘o pai da criança tem dois metros’, que não tem. parecem convencidas. voltas para a sala de espera mais uma hora enquanto os resultados das análises não chegam. entra uma com a amiga e está claramente grávida – o botão das calças-non-pregnancy já não aperta e passeia-se com aquilo assim, do mais lindo que há! impossível não ouvir a conversa e fico com pena, mesmo pena. ‘o filho é meu, ele que o saiba que este filho é só meu’. às tantas entra o ‘ele’ da conversa e traz um sumo da máquina. ela agradece e a amiga tem que sair porque só há vez para um acompanhante. não quer o sumo e baixa as defesas – a amiga já não está ali. sorriso tímido e percebe-se que não são nada um ao outro. até são, são estranhos. vem aí uma criança e os pais não se conhecem. mas ainda bem que vem, há soluções aparentemente mais simples e que iriam só destruir duas vidas. já sei que há disto aos montes mas veres de perto é diferente. as análises que deveriam demorar 25’ bem contados já vão em uma hora de espera. volta o desencanto pelo H público e recomeças a falta-de-saco-mood. finalmente chegam, uma hora depois e metes conversa com um casal escurinho que está ali desde que chegaste. entraram às nove da manhã e ainda vão para a amadora. é quase meia noite e percebes que o teu caso não é nada, que tens que ser mais paciente. e bastante mais alegre nessa paciência e nessas contrariedades. tiras a cara de #trombasdealegria e segues para o carro. e só ao chegar a casa pensas que lhes podias ter dado boleia e já estavam eles também em casa. a falta de paciência traz um tipo de cegueira. a ver se nos voltamos a cruzar senhores africanos, e prometo que vos levo comigo.


da semana passada

sair do trabalho. ligar-lhe e está vivo. está até mais vivo. digo-lhe que sexta sem ele sabe a segunda. não parece convencido. beijinhos até logo e falamos amanhã. ligo ao meu oldie preferido e está despachado. operação correu bem. digo que vou até lá. diz para não ir. digo que vou na mesma. 70 motivos depois finjo que aceito e digo que ligo mais tarde para saber do estado da coisa. é teimoso mas eu sou mais! vou até à missa agradecer ter corrido tão bem. sigo para o pingo mais doce tentar escolher mimos com pouco açúcar ou os médicos ceifam-me a seguir. bolachas de aveia, amendoins al horno e três compais mini de pêssego. vai sobrar. sigo para o Hospital da Luz. encontro o quarto - assustador pensar que qualquer pessoa entra ali, basta dizer que 'venho ver o meu pai'. e encontro-o de collants e ombro armado. how cute is that? tem a cara 14, a do ainda bem que veio mas eu tinha dito que não era preciso. exatamente a que achei que iria encontrar. tiramos uma selfie, tiramos várias até. preparamos tudo para a alta. deixo-o no carro e sigo para um jantar. 22h30. saio do jantar. 2h00. picaram-me os olhos com garfos e já não vejo nada de nada. arrasto-me até casa, escadas, cama. deito-me do lado dele. o lado que há 7 meses tento conquistar porque sim, pela conquista só. adormeço vestida. e de repente, o hashtag dela faz todo o sentido. #gravidapode


saudades de dormir de barriga para baixo

quarta-feira, 22 de abril de 2015

deshoras

há todo um plano alimentar regrado para assegurar que o vasco não nasce com dentes. mas há exceções. acabar a noite a comer M&M's e a beber leite branco gelado contigo sentados no chão da cozinha enquanto falamos sobre o dia de cada um vai ter que acabar mas enquanto durar é das coisas boas que temos só dos dois. custa levantar no dia seguinte mas dessa parte nenhum se lembra quando é meia noite e continuamos ali como se fosse meio dia.

segunda-feira, 20 de abril de 2015

ao nível dos desejos

gostava que os meus posts não andassem sempre à volta deste rato que anda aqui a navegar na minha maionese mas um perímetro abdominal destes deixa pouco espaço para outras coisas - mesmo muito pouco espaço.

no domingo, dado o home alone mood, decidi aventurar-me a re-pensar o quarto do miúdo. mexi camas para todo o lado, mudei móveis, fiz trezentas das coisas que não se pode/não se deve. hoje vieram as boas das consequências, para relembrar que não podes tudo e vais ter que te acalmar - assim dizia o médico quando lhe liguei e é melhor acatar ou ainda me põe de patinhas-inchadas para o ar em repouso. por muito que apeteça umas férias antecipadas, não dava jeito nenhum agora.

muitas vezes tento ser persuasiva o suficiente para convencê-lo a estacionar no lugar para pessoas com deficiência ou velhinhas, alegando que o meu arrastar está ao nível de uma mulher de 80 anos num corpo de 25. não tenho hipótese - quase desde que existe que tem na família uma querida C que precisa, ela sim, desse lugar para facilitar tanto a vida dela como a dos pais ou de quem a leva. ao lado disto, o meu caso é para meninos e lá vamos estacionar longe-que-dói mas de consciência tranquilita.

mas hoje foi diferente: fomos os dois almoçar para matar saudades. chegámos ao parque de estacionamento e não precisámos de procurar muito até um lugar nos piscar o olho - um dos bons, feitos à minha medida, literalmente. Obrigada ECI por satisfazerem desejos de grávida! Não ia de vestido mas dá na mesma não dá..?


sexta-feira, 17 de abril de 2015

PROGRAMA DAS FESTAS

programa com a gémea. melhor programa. até podia ser a cavar buracos na margem sul, era top. tipo Disneyworld, mas na margem sul. premissa óbvia para as duas. exposição de quadros de um tal de Ricardo. recém licenciado em belas artes. quadros diz que são mais baratos. vou a guiar. junta-se a milena. segunda cereja no bolo – a gémea é sempre a primeira. o marido dela vem também. atravessar a ponte. errada. era a vasco da gama e estás na salazar. GPS. nabice ao volante e a miúda está enjoada. e eu, grávida de 6m. e ela, de 5m. descobrimos o montijo. vai ser bom sair e dar uma volta por aqui. errado. voltas à autoroute, o estúdio é em setúbal. olhas para ela com ar matador. sorri e diz-te que é já ali. finges que o analfabetismo na área da geografia te faz não saber dos 100km que faltam. bolacha maria pelo carro. milena fula com a viagem. e com a mãezinha dela. com razão, eu também. chegamos a setúbal. entramos num estúdio onde cabem duas pessoas e um penico. sento-me e começo a ver os desenhos dele. de repente é o miúdo mas em desenho. too much info my friend! fazem proposta pela metade. quero enfiar-me num buraco, falta-me esta lata. voltamos para o montijo. deixamos o artista. no caminho descobrimos que também faz teatro. deixamos o marido dela para ir correr com o meu – para o rio, só. enfiamo-nos no pingo cheio de doce e fazemos as compras para o jantar. chegamos a casa. onde ficaram os meus óculos e o teu telemóvel? raios parta Setúbal, Montijo e toda a margem sul. metemos mãos à obra. acho que à quinta é de vez e tento novamente o risoto manhoso na bimba. aguado que nem sopa. misturo cogumelos e fica pior. paro antes que seja tarde demais. truque vai ser servir o jantar à meia noite. a fome vai ajudar a ver nisto um manjar. jantar servido à meia noite e dez. o que vale são os amigos compreensivos e pacíficos. risoto faz sucesso, pelo menos não sobra. uma e meia da manhã, jantar acaba. arrumar cozinha. começamos nova jornada: vamos fazer empadas. galinha e farinheira. quatro da manhã e 45 empadas. ela cai para o lado. eles já arrumaram a viola no saco e estão caídos pela sala. milena dorme ferrada na minha cama, onde ela se junta. quatro e tal e não tenho poiso – nem cama, nem sofá, nem nada. enfio-me na cama com elas as duas. ele há sábado melhor?

sozinha em casa

filme para o fim-de-semana. marido foi para fora e só volta para lanchar no domingo. primeira noite de oito meses casados em que uma cama gigante foi só minha. mantive-me no meu canto mas desconfio que vai ser hoje que vou dar largas à imaginação e deixar pernas e braços à solta.

fui almoçar com a R e falávamos sobre o estado-casamento e como ajuda a um self-knowledge (ando a começar a ficar farta destas expressões à zeinal bava). ver de fora e tentar perceber se me casava comigo outra vez, se estivesse no lugar dele. a ideia é conseguir dizer que sim mas se for não, trabalhares no que podes mudar e melhorar. 

teorias à parte, os 120 metros quadrados que partilhamos são dos dois e meio, mais do que uma extensão do meu antigo quarto. porque se assim fosse, seriam 120 de loucura - roupa espalhada, sapatos baralhados, toalhas molhadas em cima da cama por fazer. ontem quando cheguei apeteceu-me essa extensão e como estava sozinha - filho mais novo como ele dizia, estava fora - desforrei-me: sapatos voaram, cama ficou "a arejar", coisas do pequeno almoço ficaram já ali de fora para sábado, esperei que o despertador fosse a chamada dele a acordar-me e meti uma empada home-made num saco de plástico do IKEA para safar o almoço. a vizinha lavou na mesma a casa toda com lixívia da baratinha e continuo a desconfiar que naquele T3 ninguém consegue fazer aquilo para dentro da retrete tal é o aroma a camélias frescas nas escadas. mas hoje nem isso me tirou o apetite porque saí a voar. nunca as manhãs foram tão fáceis :)

e apesar disto tudo, estou a contar as horas para voltares e trazeres de volta a moderação que me falta e que faz com que o meu oposto se sinta tão atraído pelo teu. sextas-feiras não sabem tanto a pato se não estás por aqui para festejarmos ao som de Boss AC, cantando animadamente o facto de termos suado a semana inteira, e no bolso não termos um tostão, yeah! volta Bernas, estás perdoado!

quarta-feira, 15 de abril de 2015

cenas da vida de um carro

oito e picos da manhã. deixou-me no metro como é costume e meti-me a caminho do trabalho. por volta das nove e mais picos o telefone toca e há uma voz diferente do outro lado. pergunto o que se passa a medo e foi o carro – o nosso pobre carro com três meses de vida foi à faca, ou vai ter que ir. 

tinha estacionado e decidiu não sair do carro logo, ainda tinha coisas para fazer e aproveitou a chuva lá de fora para atrasar a saída. um minuto depois passa um autocarro da carris e faz a curva fino, sem problema. passados outros cinco passa uma carrinha cheia de miúdos a caminho da escola. condutor assume postura de rally dakar e leva tudo atrás – a curva, os miúdos e o nosso bogas. depois, sem hesitar, segue a sua vidinha

o chato foi ele estar dentro do carro, ter ido atrás do homem e ter obrigado o senhor condutor a parar e assinar a DAA. era eu ter a tua calma e compreensão e a vida seria bem mais fácil. bendita ética para aqueles miúdos hein senhor motorista?

e tu, carro, tens agora umas rugas a mais do lado direito mas nós continuamos a gostar de ti. se fosses o antigo smart provavelmente era o teu fim, mas tu acredito que tens sete vidas. é bom que tenhas.

borrego

por que é que a cidade de Lisboa me cheira a borrego da Páscoa?

terça-feira, 14 de abril de 2015

status 26+

#1 um miúdo que não pára quieto por nada – ainda bem, bom sinal

#2 peso a mais – esgotei os cartuxos de toda uma gravidez e ainda faltam os 3 terríveis, onde diz que se engordam os mesmos que já cá cantam. fechar a boca é giro na teoria, muito difícil na prática. estou decidida, pelo menos nas primeiras 24h após consulta

#3 um médico que percebe os meus dramas internacionais – as primeiras três semanas de vida de hospital dele foram iguais. a reter que os homens não se sujeitam a metade do que as mulheres sujeitam #fazomesmo

#4 criança com mais 300g do que o suposto e pelo andar da bicicleta chega aos 4kgs. é imaginar os estragos e trabalhar no ponto 2. alego que o marido tem dois metros e o médico diz que pode ser disso ou das “bolachas que a minha amiga come serem mesmo mesmo boas” – são as ranhosas de milho, onde é que está a magia?!

#5 contrações a chegar e eu a desejar que seja para facilitar o 17. Bem-vindas lindas

#6 marido a mandar bitaites sobre leite a mais e iogurtes. sugeri-lhe subir para a balança para ver como os iogurtes não são nada ao lado do seu queijo-melhor-amigo. médico diz que não acompanha homens.. damn

#7 já só faltam 3 meses e começo a pensar que vou ter saudades disto

#8 não existe uma única coisa preparada para a chegada do rebento: existe um quarto de arrumações bem desarrumado. no subconsciente deseja-se que ele venha antes de tempo e haja uma boa desculpa para não ter nada feito. nesting madness, onde andas?

#9 aprendemos que ele está sempre, sempre a dormir e só acorda nos últimos dias antes de vir conhecer este mundo. andava eu a preocupada que o miúdo já tinha os horários trocados e que os primeiros dias de noites iam ser giros

#10 hidroginástica podia parecer uma boa ideia se não parecesse tão má. exercício, toucas e pirolitos-com-sabor-a-cloro-e-não-só nunca encaixaram anyways..

quinta-feira, 9 de abril de 2015

da convivência

Andamos a ficar parecidos, tu e eu. Sempre me atraiu essa zona Z de zero, B de branca, P de paradisíaca, ou o que lhe queiram chamar: essa capacidade que um homem tem de se lançar mentalmente para lugar nenhum e por aí ficar no descanso eterno. Como invejo esta capacidade, tenho-a exercitado sempre que posso, sofrendo as consequências de tais férias.

Explico. Consulta das não sei quantas semanas – isto das semanas claramente não é para mim, sei que nasce por volta do 17 de Julho e tenho um counter no computador que me diz que já faltam menos de 100 dias. Nice, é tudo o que preciso de saber para ter as malas à porta. Nota para quem pense em ter ideia parecida: ignorâncias destas (de não se entenderem com as semanas) não se referem a NENHUM médico. Cometi este erro no almoço de família de Natal e ouvi aquele querido médico, cheio de boas intenções, começar todo um cálculo em voz alta sobre as semanas em que eu já deveria estar, ouvir perguntas MUITO constrangedoras, ver caras ainda mais assustadas que a minha e como cereja no topo do bolo estar no almoço do inimigo. Zona Z, desesperei por ti naqueles segundos-que-pareceram-duas-horas!

Voltando ao médico: começo a queixar-me das cãibras que não me largam as saias principalmente à noite, queridas. Abre parêntesis, dia especialmente cansativo que implicou umas quatro viagens de metro, autocarro, várias horas laborais e alguma faxina o que justificaria um pezinho na zona Z, fecha parêntesis. Começa o médico a discursar e eu oiço as primeiras palavras que envolvem Magnésio e desligo a ficha a partir daí, de malas aviadas para a zona Z. E por ali fiquei feliz, a acenar que sim, a parecer muitíssimo interessada. Ele fez o mesmo. Adeus, obrigada, até para o mês que vem e passamos a comprar o Magnésio na farmácia. E agora? Como é que isto se toma? Ouviste-o falar em qualquer coisa de oito horas de espera? Não.. E é com água que se mistura? Acho que sim.. Que quantidade? Lemos a bula e ficamos ainda menos esclarecidos com tanta contra-indicação que estas coisas hoje em dia trazem, em que no mínimo dos mínimos entras em coma.

E foi um último mês aos papéis com estas saquetas do magnésio. Isto tem açúcar de certeza porque é viciante pra xuxu. Assim, inventei nova fórmula de dosagem: misturas uma saqueta no garrafão de 2L de água e garantes que tens estímulo para beber aquilo tudo durante o dia. As cãibras, essas, vieram para ficar, constituir família e iniciar um negócio de refeições para fora.

ROTINAS DAS BOAS

Já houve tantasIr para a Gulbenkian ao Domingo de manhã de lápis e papel na mão ver como é que os patos passam o fim de semana e acabar a almoçar por ali, com uma sopa e dois croquetes (que são os melhores de Lisboa, melhores até que os da barra do Gambrinus). Ir correr para o rio à noite. Escrever na agenda as coisas mais importantes que se passaram em cada dia para garantir que daqui a dez anos sei o dia em que ficámos horas à conversa naquele café, não dando pelas horas passar. Pintar as unhas depois de qualquer exame como escape total para um mundo onde não é preciso usar muito a cabeça, só a imaginação. Acordar às cinco da manhã para estudar porque o estudo rendia o dobro. Estava no liceu e quem me tirava o sono era a matemática. Deitar-me sem falha às dez porque com isso ia conseguir crescer mais 10 cm/ano diziam. Lavar o carro pelo menos uma vez por mês, para não cair no desleixo – durou trinta dias esta. Depois casei-me e deixei cair por terra as rotinas de solteira que ainda tinha, com um grande botão de refresh pelo meio. Foi do melhor, sensação "primeiro passo". Fui deixando passar uns meses e ao fim de sete olho para trás e já voltei a ganhar tantas outra vez. Ou era o chão da cozinha que tinha que estar imaculado, ou a cama que nunca podia viver a desculpa do “fica a arejar”, ou a loiça no escorredor que ficava visualmente feia e tinha que sair dali, ou a roupa por engomar que tinha que se resolver mal secava. Ou o congelador que tinha que ter sempre reservas para os dias em que os dois chegávamos tarde a casa. Ou o excel atualizado com as coisas que habitavam o frigorífico. Tantas, e tão irritantes.

Voltámos de férias e aterrei em casa como quando voltei de lua-de-mel. Parei ali à entrada e olhei à volta. Só consegui pensar na sorte que tenho, que temos, em ter uma casa. Em termos coisas em casa. Em termos uma sala onde podemos receber amigos, um quarto onde dormir, uma cozinha com tanta coisa para fazer jantares, bolos e pequenos-almoços. Duas varandas onde podemos ficar à conversa em tardes mais quentes. Um teto. E isso chega, porque já é tão bom. Escrevo isto para não me esquecer e não começar já com mil e duzentas rotinas novas que, quando não vividas com liberdade, a levam por completo. Deixei ficar só uma, porque dizem que é boa para o bicho lindo que aí vem: a música, calminha, enquanto fazemos o jantar.

Ontem foi esta: The Same Things, Lauren O'Connell
Marabilha.

segunda-feira, 6 de abril de 2015

vamos ter saudades disto

De sermos só dois. 
De podermos chegar a casa e demorar mais de um minuto a dois antes de soar a sirene esfomeada. 
De podermos decidir à última da hora que vamos só jantar ali. 
De dormir até querermos. 
De pôr a música aos berros, nota para a inexistência de vizinhos em cima e em baixo (?). 
De viagens num SMART-egoísta-for-two. 
De ficarmos horas à conversa na sala e continuarmos pela noite fora. Até um cair para o lado de sono e o outro ceder a acordá-lo com a técnica de lhe abrires os olhos e soprares com força, infalível
De fazermos uma máquina de roupa por semana e sobra. 
De comer cereais na cama porque já não há nada no frigorífico. 
De termos que ir a casa deles buscar talheres porque ainda não pensámos nisto e plástico não é hipótese. 
De irmos correr ao rio às nove da noite porque sim. E porque foi onde muito começou.
De vivermos um dia de cada vez. 
De fazermos mil planos de mil sonhos. E de nenhum se realizar e não faz mal. 
De irmos ao miradouro namorar e sair de casa com as mãos a abanar. 
De irmos ao cinema e as pipocas serem nossas. E a coca-cola também. 
De comer um chocolate sozinha. Já não sabes o que isso é de qualquer forma #ladrãoemcasa.
De ter um quarto "das arrumações" que é só tralha mesmo.
De podermos agarrar em duas mochilas e correr de uma ponta à outra a América do Sul.

Mas a vontade do que aí vem é tão maior do que isto, porque nos duplica no amor: um ao outro, ao outro e aos outros. 

Podes vir, que estamos ansiosos por te conhecer e por ver a reação da H, da C, do A, do A, do F e do J.
Vem roubar-me os chocolates e as noites de sono mas não te esqueças que o teu pai é só meu.
E quando eu não estiver a ouvir podes dizer o mesmo, que é só teu. Já tu, és 100% nosso.

CABELOS AO VENTO

Por aqui chega-se de férias e a cabeça em vez de vir descansada e sem grandes questões existenciais, vem num turbilhão. Dificuldade no arranque, sabes bem porquê, primeira posta e não consegues dar o que achavas que vinhas dar. Pelo menos hoje. Pelo menos hoje.

Sabes que queres empregar essas energias que recuperaste noutra coisa, nessa coisa. Voltas a tentar a primeira e desta vez arranca, estás aqui e tens que estar no que fazes. No que deves. E deves? Quando vais a arriscar uma segunda, recebes email dele a perguntar se almoçamos? e despachas-te a confirmar, nada que um hamburguer não resolva

Voltas com mais vontade, sentas-te à frente do computador e o tudo o vento levou passa mais uma vez à ação. Lutas desesperadamente para te manteres agarrada a essa cadeira e para não fazeres do tempo que falta o tempo que sobra

Queres aquela coisa mas sabes que isso implicará ainda mais de ti. Menos trabalho certamente, quem corre por gosto não cansa, mas mais lutas interiores para chegares ao que verdadeiramente nasceste para ser. E fazer.