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quinta-feira, 9 de abril de 2015

ROTINAS DAS BOAS

Já houve tantasIr para a Gulbenkian ao Domingo de manhã de lápis e papel na mão ver como é que os patos passam o fim de semana e acabar a almoçar por ali, com uma sopa e dois croquetes (que são os melhores de Lisboa, melhores até que os da barra do Gambrinus). Ir correr para o rio à noite. Escrever na agenda as coisas mais importantes que se passaram em cada dia para garantir que daqui a dez anos sei o dia em que ficámos horas à conversa naquele café, não dando pelas horas passar. Pintar as unhas depois de qualquer exame como escape total para um mundo onde não é preciso usar muito a cabeça, só a imaginação. Acordar às cinco da manhã para estudar porque o estudo rendia o dobro. Estava no liceu e quem me tirava o sono era a matemática. Deitar-me sem falha às dez porque com isso ia conseguir crescer mais 10 cm/ano diziam. Lavar o carro pelo menos uma vez por mês, para não cair no desleixo – durou trinta dias esta. Depois casei-me e deixei cair por terra as rotinas de solteira que ainda tinha, com um grande botão de refresh pelo meio. Foi do melhor, sensação "primeiro passo". Fui deixando passar uns meses e ao fim de sete olho para trás e já voltei a ganhar tantas outra vez. Ou era o chão da cozinha que tinha que estar imaculado, ou a cama que nunca podia viver a desculpa do “fica a arejar”, ou a loiça no escorredor que ficava visualmente feia e tinha que sair dali, ou a roupa por engomar que tinha que se resolver mal secava. Ou o congelador que tinha que ter sempre reservas para os dias em que os dois chegávamos tarde a casa. Ou o excel atualizado com as coisas que habitavam o frigorífico. Tantas, e tão irritantes.

Voltámos de férias e aterrei em casa como quando voltei de lua-de-mel. Parei ali à entrada e olhei à volta. Só consegui pensar na sorte que tenho, que temos, em ter uma casa. Em termos coisas em casa. Em termos uma sala onde podemos receber amigos, um quarto onde dormir, uma cozinha com tanta coisa para fazer jantares, bolos e pequenos-almoços. Duas varandas onde podemos ficar à conversa em tardes mais quentes. Um teto. E isso chega, porque já é tão bom. Escrevo isto para não me esquecer e não começar já com mil e duzentas rotinas novas que, quando não vividas com liberdade, a levam por completo. Deixei ficar só uma, porque dizem que é boa para o bicho lindo que aí vem: a música, calminha, enquanto fazemos o jantar.

Ontem foi esta: The Same Things, Lauren O'Connell
Marabilha.

8 comentários:

Unknown disse...

És de rir.... não acredito que tinhas um excel para a comida que estava dentro do frigorífico lololol...

Ana disse...

tirei a ideia da tua afilhada Teresa, a mulher mais organizada deste mundo..!

Unknown disse...

Essa mulher é um fenómeno!!! quando tiver mil filhos não vai conseguir controlar o que sai do frigorífico. Chega ao Excel e já está tudo uma confusão e não sabe quem comeu o que ah ah ah. Beijinbos

Unknown disse...

Ora bem, acabei de ver estes comentários à minha pessoa!! Infelizmente Rosa, não foram precisos mil filhos para estragar a minha organização, foi preciso só um marido que tira coisas do congelador e não dá baixa delas na lista em excel! O próximo passo é pôr uma câmara de vigilância na cozinha ;)

Ana disse...

MIL FILHOS??

Joana Nestor disse...

Câmara de vigilância na cozinha....ahah! Muito bom teresinha! Com os mil filhos apostava em duas ou três:)

Joana Nestor disse...

Câmara de vigilância na cozinha....ahah! Muito bom teresinha! Com os mil filhos apostava em duas ou três:)

Ana disse...

Totalmente.. A minha irmã é sempre muito ponderada: mil filhos, câmaras de vigilância, you name it!